As lembranças vão e vêm constantemente... A dor que elas causam não passa...
Deitada inerte na cama, ouço meu nome ser chamado várias vezes aos gritos e ao longe a 18 anos atrás... Porque mesmo o desespero? Alguém me sacode com força, bate em meu rosto, sopra em minha boca e então desperto...
No vazio mais profundo de um ano enclausurada, perdi minha individualidade particular deixando de ser eu mesma para vegetar ali naquela cama.
Mergulhei na minha mais profunda falta de humanidade e compreensão comigo mesma e perdi a consciência por três dias seguidos, sem comer e sem beber...
Eu era igual a todo mundo, mas ali naquele cantinho me sentia insignificante, um peixe fora d'água. Ninguém me mandou ir, fui sozinha... Aliás em toda a minha vida, não precisei seguir cabeça de ninguém... Fui e fiz porque quis...
Cansei de me importar comigo mesma e desisti. As diferenças individuais entre as freiras e nós me levou a uma conformidade básica, onde entendi que quem não passasse daquela fase, não serviria para ficar, para fazer parte daquele lugar e seria enviado novamente para casa.
Acumulei milhões de questionamentos que não me levaram a lugar algum em minha breve estadia ali. Quantos questionamentos sem resposta... Reconsiderei minha inocência nos lugares obscuros da minha alma, ao ver aqueles carros parados e suados com pessoas namorando dentro deles, naquela noite fria do mês de Julho na cidade de Mogi-Guaçu.
A leitura introspectiva que fazia de mim, dia após dia, me levou a um cansaço mental tão grande, que não suportei e isso gerou medo em algumas pessoas presentes naquele lugar, com o que poderia fazer com tanta informação...
A paixão pela minha existência de uma forma sincera, me assustava por demais com a repulsa que vinha depois, por me sentir um nada. Não era nada, não tinha nada. Várias tentativas frustradas fiz, e nenhuma valeu à pena...
Me disseram que estava depressiva e me levaram a várias consultas entre homeopatas, cardiologistas e ainda a uma ginecologista com medo de estar assim por ter perdido a minha virgindade... Queriam ter certeza que não...
Para dar um término em todo aquele sofrimento, eu precisava dar um grito de liberdade e decidir viver, então foi quando caí em mim mesma e entendi o quanto aquele tempo foi perdido pra mim. Sofrer em vida e obter alívio na morte era o pensamento em minha cabeça, que ninguém mudava, até que entendi a razão do meu sofrer e que pra viver ali, não tinha vocação alguma que aguentasse aquele tormento, ali era o lugar de sofrimento, ali residia a morte... Viver uma vida sem ilusão, livre, sem cargas e sem jugos eu queria...
Existem pessoas que não acreditam ser a depressão uma doença, assim como também não acreditam em Deus.
Para quem acredita em depressão, engolir um remédio é a solução para o alívio, para outros seria perpetuar algo inventado que só existe em cabeça de pessoas que se enfraquecem quando não têem muita confiança a si mesmo....
A depressão invadiu meu ser naquele tempo. Se vivesse só pra realizar as minhas vontades e tivesse nisso facilidades, seria para mim motivo de alegria... O contrário tristemente seria morrer.
A fuga da realidade, me colocou a muitos quilômetros de Leopoldina e em outro estado, em um quarto escuro, com um corredor negro e que no final dele, tinha uma pequena capela com luz vermelha que se destacava e me dava medo, iluminando uma cruz e uma imagem com flores...
O que fazia ali? Lembro que me perguntei. O quarto frio, vazio e desprovido do calor humano despertou o desejo de um corpo a me aquecer, então senti que o que me faltava era uma companhia.
As idas e vindas para o trabalho, a insatisfação com a vida vivida naquele lugar, convivendo com pessoas externas livres, sem prisões religiosas aparentes, mexia com minha cabeça, me fazendo questionar o meu futuro. Tinha medo de que a qualquer momento fosse acabar a boa comida, a bebida, os licores, os vinhos que tomava e me faziam esquecer... A convivência com pessoas riquíssimas materialmente, as visitas em suas casas maravilhosas, me fez perceber que o tipo de vida que pensava ter, seria desprovido de tudo aquilo e assim viveria somente do que os outros me dariam, se continuasse desejando a vida dentro daquela clausura. As histórias das freiras que deixaram o "hábito" por terem encontrado um amor, me fascinavam e pensava se isso podia acontecer comigo. Encontrar um amor, mas um amor à primeira vista...
As orações pela madrugada, não davam conta dos anseios do meu coração, dos meus desejos do meu corpo e dos calafrios quando vinham aqueles pensamentos... As penitências não me eram suficientes para santificar minha alma pecadora e lavar a privada pela manhã, me fazia sentir um nojo de pessoa. Porque precisava fazer aquilo? Que humildade aprenderia? Entendia mais como um castigo, para suprimir meus desejos carnais, para expulsar a sensualidade da minha alma...
O choro incontido constante ao dormir, não era de saudade da cidade natal, era por ter medo de voltar a ela.
Nos remédios que me davam, um fitoterápico me chamou a atenção: "Olhos de Jade", não aqueles da música de Beto Guedes... Na verdade me disseram que era um remédio feito de veneno de serpente, que me aliviou completamente por dentro, dias antes de voltar para casa...
Eu demonstrava em meu olhar, o desespero de uma alma que não sabia o porque tinha nascido na família que nasceu, então desejei a morte e ao despertar pela madrugada, avancei para a porta principal e de camisola fui para a rua....
O escadão escolhido para despencar na avenida lá em baixo, foi por mim namorado todas as vezes que passei por lá, era meu palco de representações onde eu declamava minha reclamações sozinha pra mim mesma. Ninguém me via, ninguém me ouvia. Ninguém ficava por lá...
O vento que batia em meu rosto, olhando os carros lá em baixo, me sussurravam: Não faça isso!!!! Coisas boas ainda virão... Tudo isso vai passar... Volte para casa... Então aquela brisa boa e suave foi me convencendo que ainda valia à pena viver e então me despedi do suicídio e do inferno e disse a eles que não mais me teriam com novos pensamentos.
Nos remédios que me davam, um fitoterápico me chamou a atenção: "Olhos de Jade", não aqueles da música de Beto Guedes... Na verdade me disseram que era um remédio feito de veneno de serpente, que me aliviou completamente por dentro, dias antes de voltar para casa...
Eu demonstrava em meu olhar, o desespero de uma alma que não sabia o porque tinha nascido na família que nasceu, então desejei a morte e ao despertar pela madrugada, avancei para a porta principal e de camisola fui para a rua....
O escadão escolhido para despencar na avenida lá em baixo, foi por mim namorado todas as vezes que passei por lá, era meu palco de representações onde eu declamava minha reclamações sozinha pra mim mesma. Ninguém me via, ninguém me ouvia. Ninguém ficava por lá...
O vento que batia em meu rosto, olhando os carros lá em baixo, me sussurravam: Não faça isso!!!! Coisas boas ainda virão... Tudo isso vai passar... Volte para casa... Então aquela brisa boa e suave foi me convencendo que ainda valia à pena viver e então me despedi do suicídio e do inferno e disse a eles que não mais me teriam com novos pensamentos.
Querido leitor, você sabe expressar o que tem dentro de você? Em quem confia? Pra quem você fala dos seus problemas, das suas angústias e dores? Tem hora que parece que a gente surta né?
Eu venci esta e outras questões. A minha alma ficou perdida e ninguém pôde me ajudar. Só quando clamei a Deus fortemente, entendi que aquilo foi permissão que tive em quase naufragar minha fé, para que estivesse forte hoje como estou dentro do navio da minha vida.
Nada acontece em vão, nada acontece por acaso. Minhas experiências me fortaleceram e minha alma não mais vacila em questionamentos bobos como aqueles referentes a de onde vim ou para onde vou. Hoje, só penso em estar onde estou e isso me é suficiente e me faz feliz.
Desejo sinceramente que consiga chegar nas conclusões que precisa para ficar ou sair ou decidir quem sabe novamente, viver com alegria. Lembranças vão e vêm, mas se dermos importância, elas irão definir a nossa vida mais uma vez.... E como será nosso novo ano?
Pra vc um grande bju, fica com Deus e até a próxima.
Eu venci esta e outras questões. A minha alma ficou perdida e ninguém pôde me ajudar. Só quando clamei a Deus fortemente, entendi que aquilo foi permissão que tive em quase naufragar minha fé, para que estivesse forte hoje como estou dentro do navio da minha vida.
Nada acontece em vão, nada acontece por acaso. Minhas experiências me fortaleceram e minha alma não mais vacila em questionamentos bobos como aqueles referentes a de onde vim ou para onde vou. Hoje, só penso em estar onde estou e isso me é suficiente e me faz feliz.
Desejo sinceramente que consiga chegar nas conclusões que precisa para ficar ou sair ou decidir quem sabe novamente, viver com alegria. Lembranças vão e vêm, mas se dermos importância, elas irão definir a nossa vida mais uma vez.... E como será nosso novo ano?
Pra vc um grande bju, fica com Deus e até a próxima.